segunda-feira, 2 de março de 2009

Dia 2 - un becito

Acordamos bem cedo em Colônia, antes mesmo do sol raiar. Eu estava com uma preocupação típica do "seu roberto" e nessas minhas chatisses que a Leandra odeia de agilizar tudo cedo pra não ter stress, deixamos o terrível "el español". O problema era descobrir um cyber pra imprimir as passagens do Buque e encontrar um estacionamento confiável pra guardar o carro, já que este não cruzaria a fronteira pra Argentina.

Descobrimos também que a opção pela balsa não poderia ser mais acertada: os caminhoneiros argentinos estavam fazendo piquetes em função de uma crise da agricultura e haviam fechado quase todas as pontes de fronteiras do país - isso sem contar com o trânsito assustador de Buenos aires que fui conhecer logo depois.

Rodamos um bocado, tudo ainda fechado. Enfim, encontramos um galpão que dizia "estacionamento 24hs" e nos preparamos pra deixar tudo lá. Ficamos sabendo que é prática comum deixar o carro no Uruguai pra pegar a balsa, uma vez que ir de carro no buque é uma opção muito cara e o estacionamento cobrava em torno de 10 reais por dia. Felizmente o guarda do porto nos informou que passagens compradas pela internet não precisavam de comprovante impresso... bastava chegar lá com nome e passaporte. Nisso perdemos o café da manhã do hostel, que a julgar pelo lugar, não devia ser grandes coisas.

Mochilas nas costas, caminhamos até a estação do buque já aberta, despachamos tudo exatamente como em um vôo comum e aguardamos. Em função de horários a gente acabou pegando o barco mais rápido (e mais caro). Existe o que faz a travessia em 3 horas e o nosso que cruzou o Prata em apenas 1 hora. A viagem balsa é muito tranquila, após a "decolagem" abrem as portas de uma loja freeshop dentro do barco e nisso nem se vê a hora passar. Não compramos nada, mas experimentamos trocentos cacarecos, perfumes e chapéus.

Chegando em Buenos Aires, já na saída do terminal, me impressionei com os arranha-céus. A primeira impressão que se tem é de não estar na América do Sul. Achamos os taxis e apesar do que nos falaram do táxi barato, o taxista cobrou 20 pesos pra nos levar até o hotel q a Leandra tinha reservado pela internet - preço mais baixo do booking.com. Sem muita noção de distância pélo mapa, aceitamos. O desgraçado nem mesmo ligou o taxímetro. Chegamos no hotel Oxford, um prédio antiguíssimo em San Telmo - bairro bem tradicional da cidade - e pegamos um quarto no sexto andar ao lado dos elevadores de porta gradeada que faziam bum barulho infernal. Por sorte a Leandra já tinha experiência com esse tipo de problema e conseguimos numa boa trocar de quarto para a "cobertura" no 9º andar. O quarto era ótimo. Uma boa cama, banheira, espaçoso e com uma baita sacada. Lembrou muito o nosso hotel em Paris. Recomendo muito o hotel pelo preço e simpatia dos funcionários e pelo quarto - pelo menos esse da cobertura.

Não ficamos nem 10 minutos no quarto. A fome era mais forte que o cansaço, portanto descemos a procurar um bom lugar para comer. O bairro em que ficamos é muito bacana... cheio de cafeterias e parilladas bem tradicionais - mas como tínhamos o casamento logo à noite, resolvemos pegar leve. Achamos um botequim de esquina muitíssimo simpático e lá comemos o "almuerzo". Difícil é entender os nomes das coisas pra saber o que se está pedindo. Neste lugar comemos bem e barato - 19 pesos pelo almoço + sobremesa + café. Descobrimos bem rápido que pelo valor do dólar e pela crise, o preço de tudo estava muito alto e refeições por esse valor eram muito difíceis de achar. Depois disso não resistimos e fomos de volta pro hotel pra dar uma descansada pra recuperar da noite mal dormida.

Acordamos lá pelas 4 da tarde e nos arrumamos pro casório. A Leandra ficou estonteante e eu usei o meu tradicional terno preto. Uma van iria nos buscar no hotel Sheraton no centro e nos levaria até o local da festa, mais afastado de Buenos Aires. Pegamos novamente um taxi e comprovamos que o anterior realmente tinha nos passado a perna - com 12 pesos chegamos no centro, ainda mais distante que o terminal do buque. Lá encontramos mais brasileiros e entramos na van, que ainda foi até Palermo buscar outro pessoal. Nesse passeio até o outro lado da cidade deu pra ver muito de Buenos Aires que também me lembrou Paris, cheia de prédios antigos, praças imensas e rótulas com monumentos cedidos por algum país europeu.

Chegando no local do casamento, encontramos o Matias e soubemos que a van estava programada para buscar-nos de volta somente às 5 da manhã. Ficamos assustados, até porque ainda tinhamos um pouco de cansaço no corpo, mas o noivo me garantiu que a gente nem ia sentir as horas passarem. O lugar era lindo, tipo um clube campestre... tudo perfeitamente decorado.

A cerimônia na rua foi muito bonita... o padre, por sorte falou muito pouco, mas falou bem pelo que pude entender. En la salud o en la molestia... muito legal assistir tudo em espanhol. Ao final, o padre os declarou e graciosamente disse... "un becito".

No decorrer da festa fomos entendendo o funcionamento do casamento argentino. Na verdade se passa a noite inteira comento. Começaram com canapés às 7 da tarde, em seguida vem um garçom com uma perna de gado inteira fatiando "bifes" com mais de um dedo de espessura de presunto pra colocar em pãezinhos com molhos à escolha. O argentino tem essa cultura de comedor de carne extremamente forte - muito mais do que qualquer gaúcho. E no casamento vai ao extremo. O interessante é que não servem um prato atrás do outro. Servem a entrada (um maravilhoso crep de espinafre), depois apagam as luzes e aumentam o som. Todo mundo é convidado a ir dançar. Dança-se uma meia hora, ou mais, acendem as luzes e servem o segundo prato - um filé gigantesco acompanhado de uma trouxinha que eu nem soube identificar - e assim por diante, terminando lá pelas 6 da manhã, com um absurdo café cheio de medialunas argentinas, brioches e mais "bifes" de presunto. A Leandra, tadinha, chegou a passar mal e lá pelas 4 já estávamos pedindo arrego aguardando o retorno da van.

Mas não teve jeito... negócio foi esperar até as 6 e capotar no hotel.
(tem muitas fotos da viagem no flickr agora!!!)

Um comentário:

pablodelarocha disse...

esqueci de comentar a melhor coisa do casamento argentino:

NÃO TOCA IVETE SANGALO E NENHUM FUNK CARIOCA!

Sensacional!!!!!!!