terça-feira, 22 de março de 2011

devaneio

É tão engraçado pensar que não sou mais jovem. Não faço mais parte de uma geração com um nome. Minha geração agora é só uma letra. Estou chegando aos 30 anos e vejo vídeos sobre a juventude e penso: "eu fiz parte de tal geração". Mas hoje, não me sinto parte de mais nenhuma. Não estou criando nada de novo. Não estou inventando nenhuma nova linguagem, nem estou desenvolvendo uma nova tecnologia. É estranho. O design do mundo está sendo feito hoje por jovens, sem ideais e com a cabeça no futuro, que nasceram nos anos 90. Porra, os anos 90 foram massa. Foi-se o tempo em que a gente pensava "estamos desenhando o amanhã". Já era o tempo em que fomos os possíveis criadores de tendências. E no fim, o tempo passou, e nós não criamos merda nenhuma. Minha filha vai usar algum supercomputador implantado no cérebro desenhado por um moleque de roupas coloridas que podia estar tocando no Restart. É triste envelhecer. Eu vou morrer moribundo numa cama respirando com ajuda de alguma máquina de design retrô lembrando os anos 90 inventada por volta de 2020 por um guri com um "fuck me" tatuado no cóccix.

4 comentários:

Leonardo Furtado disse...

tem uma pitada de distopia aí

pablodelarocha disse...

distopia? não entendi

Leonardo Furtado disse...

seria um tipo de utopia ao reverso

Daniela disse...

Oe, Balu! Saudades monstras!
Fiz 30 em fevereiro. Estou gostando de envelhecer. As coisas só tem melhorado com a idade, especialmente a caixola!
Acho que a juventude é uma promessa de algo que nunca se realiza. Afinal tem muita coisa das nossas artes e dos nossos sonhos que acabamos vendendo "to make ends meet". Mas nunca é fácil, nem ontem, nem hoje... E provavelmente não será amanhã. Viver bons momentos ao lado de pessoas que importam é o que tem contado, além daquilo que a gente aprende com a vida.

Saudadona monstra de ti, rapaz!

Beijos!