A mesa da lancheria do parque estava apertada, ao meu lado as pessoas que mais prezo neste mundo. Cerveja e um belo prato de polenta bem crocante.
A Leandra carregava uma enorme barriga de 8 meses e contando. Linda, como sempre. Voltou do banheiro com uma cara preocupada, a cara de alguém que estava fazendo xixi involuntariamente. Ela tinha certeza que não era nada, mas na presença do médico e futuro padrinho, seguimos o conselho e fomos ao hospital.
Tive que aguardar na sala de espera, já contando com as tradicionais palavras de médico: "alarme falso". Porém, minutos depois, sai a Leandra já bem nervosa, com uma expressão nos olhos que jamais vou esquecer: "Balu, tá na hora".
Pegamos o elevador abraçados, assustados e preocupados com o nascimento prematuro. Fomos separados ali. Ela desceu em um andar e eu voltei ao térreo. Mesmo depois desses 8 meses de preparação sabia que minha vida estava prestes a mudar de uma
forma que naquele dia eu jamais poderia imaginar.
Nossos amigos aguardavam alguma notícia na rua, já com cervejas e charutos em mãos. Aguardei toda a noite a chamada para assistir ao parto Não pude ver a minha filha chegar ao mundo. Pobre Leandra, que parto sofrido, dores e solidão.
Pobres mães.
Tentei dormir, mas o sono não veio de jeito nenhum. Até que chamaram para dizer que estava "tudo bem, mamãe e filha estavam bem e com saúde". Subi o elevador naqueles que foram sem dúvida os 30 segundos mais longos da minha vida. Às portas da maternidade, aguardava a enfermeira com o menor bebê que já vi. Olhos fechados, uma
mão inteira na boca. "Já nasceu com fome"... puxou o pai. Tão frágil que nem mesmo tive coragem de segurá-la no meu colo.
Ela não abriu os olhos, não sorriu pra mim, não disse "papai", não me abraçou. Nada. Mas ainda assim, não pude deixar de pensar que à minha frente já estava o pequeno ser que eu mais amava neste mundo.
Tentem imaginar a energia, a felicidade e o amor que um pai sente agora, ao ver esta pequenina completar 2 anos e fazer tudo o que ela não fez ao me conhecer. Cada abraço, beijo, sorriso que ela me dá é uma dádiva.
Hoje posso multiplicar infinitamente a sensação maravilhosa que tive ao vê-la pela primeira vez.
Parabéns, minha pequena Felícia. O pai te ama.
Parabéns Leandra, por tê-la trazido à nós depois de tanta luta e dor. Te amo sempre.
Tenho muito orgulho de vocês.
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
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4 comentários:
Que texto lindo, Balu. Tu sabe mesmo colocar lagriminhas nos olhos das pessoas. Pelo menos eu fiquei com os olhos marejados...
Parabéns para a pequena Felicia e para o papai e a mamãe queridos!
Saudades monstras de vocês.
:*
Olhos marejados e nó na garganta aqui. Quanta sapiência e sensibilidade, meu amigo :)
Parabéns pra vocês três! Sinto muitas saudades.
beijocas
meu caríssimo amigo... quanta saudade!
e que coisa linda e boa te ler tão feliz. abraça tua pequena, beija tua mulher, e creia: nós daqui, torcemos sempre, e desde sempre, por vocês.
tudo de MUITO bom na vida dessa pequena que já nasceu lutando. e muita saúde e ludidez pra esse pai mais que coruja, pra que possas observar todas as coisas lindas que ela ainda fará. :)
que 2008, seja O ano pra vocês. beijo grande!
Balu! Que lindo!! Que bom que tive a oportunidade de conhecer a Leandra e Felícia no casório do mano... tão lindas! Parabéns pela família!
Um feliz ano novo e que a gente consiga se ver mais vezes, né?
Um beijo ao som do bossa velha.
Marina
(o pessoal aqui em casa tá mandando beijo!)
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