Desde 1994, Johnny Cash se juntou ao produtor Rick Rubin, aclamado por fazer funcionar engrenagens como Beastie Boys, para tentar achar um lugar entre as novas gerações, para a música country e folk. Os 5 albuns que vieram nos quase dez anos a seguir são de um poder devastador.
Cansado, doente e deprimido, Cash entrega composições próprias e covers inusitados de uma forma arrasadora. Chega a ser violento ouvir "Hurt" do Nine Inch Nails interpretada pelo velho. Faz rasgar o peito de tanta dor, principalmente conhecendo um pouco da história do cara. (vale conferir Johnny & June, já na sua locadora!). Entre tantas, tem músicas do Beck, Beatles, U2, Soundgarden, Danzig, Neil Diamond, Nick Cave, Depeche Mode... todas belíssimas.
O resultado era óbvio: a partir do quarto álbum, Cash e Rubin praticamente redefiniram a música country e a reapresentaram às novas gerações. Hurt, ficou semanas no topo e levou Cash em paradas em que nunca estivera em toda a sua carreira, e os discos foram sucesso de vendas. O último esforço - American V: A hundred highways - lançado agora em 2006, 3 anos após a morte do "Homem de Preto" aos 71 anos, é carregado de profunda tristeza - a esposa, June Carter, acabara de falecer na época - e de dor, mas também de esperança e bom humor frente as limitações e ao inevitável destino, como na faixa "Like the 309" ultima canção que escreveu, sobre o trem que leva seu caixão:
"It should be awhile/Before I see Doctor Death/So it would sure be nice/If I could get my breath."
Palmas pro Rubin também, que colocou uma qualidade invejável na produção de todas as faixas. Soube aproveitar a condição da voz cambaleante de Cash, para mostrá-lo como um homem frágil, com arrependimentos e emoções. A escolha dos covers também se encaixa perfeitamente no contexto, parecendo até que são composições do próprio. E os arranjos tornam toda a experiência de ouvir cada álbum, naqueles momentos de nó na garganta, encher os olhos e rever tudo o que já viveu num filmezinho arranhado de 8mm.
A sensacional Hurt do NIN (e o maravilhoso clipe).
Tocando Soundgarden: Quase desbanca o Chris Cornell...
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Um comentário:
Ele canta como ninguém a solidão, ele é o Gabriel Garcia Marquez da música, acho que no fundo todos somos solitários e por isso mesmo nos identificamos com os caras.
Grande seleção de clipes o cara é mesmo um mestre...
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