segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Johnny Cash manda...

Desde 1994, Johnny Cash se juntou ao produtor Rick Rubin, aclamado por fazer funcionar engrenagens como Beastie Boys, para tentar achar um lugar entre as novas gerações, para a música country e folk. Os 5 albuns que vieram nos quase dez anos a seguir são de um poder devastador.

Cansado, doente e deprimido, Cash entrega composições próprias e covers inusitados de uma forma arrasadora. Chega a ser violento ouvir "Hurt" do Nine Inch Nails interpretada pelo velho. Faz rasgar o peito de tanta dor, principalmente conhecendo um pouco da história do cara. (vale conferir Johnny & June, já na sua locadora!). Entre tantas, tem músicas do Beck, Beatles, U2, Soundgarden, Danzig, Neil Diamond, Nick Cave, Depeche Mode... todas belíssimas.

O resultado era óbvio: a partir do quarto álbum, Cash e Rubin praticamente redefiniram a música country e a reapresentaram às novas gerações. Hurt, ficou semanas no topo e levou Cash em paradas em que nunca estivera em toda a sua carreira, e os discos foram sucesso de vendas. O último esforço - American V: A hundred highways - lançado agora em 2006, 3 anos após a morte do "Homem de Preto" aos 71 anos, é carregado de profunda tristeza - a esposa, June Carter, acabara de falecer na época - e de dor, mas também de esperança e bom humor frente as limitações e ao inevitável destino, como na faixa "Like the 309" ultima canção que escreveu, sobre o trem que leva seu caixão:

"It should be awhile/Before I see Doctor Death/So it would sure be nice/If I could get my breath."

Palmas pro Rubin também, que colocou uma qualidade invejável na produção de todas as faixas. Soube aproveitar a condição da voz cambaleante de Cash, para mostrá-lo como um homem frágil, com arrependimentos e emoções. A escolha dos covers também se encaixa perfeitamente no contexto, parecendo até que são composições do próprio. E os arranjos tornam toda a experiência de ouvir cada álbum, naqueles momentos de nó na garganta, encher os olhos e rever tudo o que já viveu num filmezinho arranhado de 8mm.



A sensacional Hurt do NIN (e o maravilhoso clipe).



Tocando Soundgarden: Quase desbanca o Chris Cornell...

Um comentário:

Anônimo disse...

Ele canta como ninguém a solidão, ele é o Gabriel Garcia Marquez da música, acho que no fundo todos somos solitários e por isso mesmo nos identificamos com os caras.
Grande seleção de clipes o cara é mesmo um mestre...