terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Motivos para assistir A Fonte da Vida - novo do Aronofsky

O wolverine, Hugh Jackman está surpreendente no papel. De uma sensibilidade tocante, sem exageros e caretas, o cara consegue prender e comover o espectador. Tanto no "passado", mostrando-se um espanhol durão com um pingo de sensibilidade, como no presente, com o médico obcecado pela cura da esposa (obsessão, aliás, é tema recorrente nos filmes do diretor) e principalmente no "futuro" em que ele atua praticamente sozinho, num ambiente que poderia muito bem ser um palco de teatro. E pensar que o papel era do Bradd Pitt, que abandonou as filmagens para fazer Tróia (blergh!) e consequentemente diminuiu o orçamento do filme. Não tenho duvidas de que o Sr. Pitt faria o papel muito bem, mas vendo o filme agora, não sinto a menor falta do alemão.

Rachel Weiz não fica atrás. Ela interpreta uma doente terminal, mas nem por isso se utiliza de clichês ou histeria comuns no gênero. Aronofsky casou-se com ela durante as filmagens e dá pra notar a paixão do cara através da película. Aliás, os dois protagonistas têm belas feições, e o diretor soube explorá-las com lindos closes e ângulos interessantes.

Com os cortes de despesas, os efeitos especiais foram feitos com uma técnica totalmente inovadora, através de experimentos químicos. CGI é raro no filme, e o resultado é no mínimo curioso, e na maioria das vezes de uma beleza plástica incomum em cinema hollywoodiano - mal posso esperar pra ver esse extra no DVD.

A fotografia, em tons alaranjados é bem bacana e reforça toda a experiência visual do expectador.

A trilha sonora é um ponto altíssimo. Como em Réquiem para um Sonho, o Chronos Quartet deixa sua marca, interpretando composições lindíssimas e marcantes. A banda Mogwai também fez um serviço bacana na trilha.

O filme trata da vida, morte, e tempo... ou mais precisamente o que fazemos com nosso tempo em vida e nosso tempo em relação à vida de pessoas que amamos. Um tema tão recorrente na minha cabeça e até mesmo nesse blog, que talvez por isso mesmo o filme tenha significado tanto para mim. Para tocar nesses assuntos, o roteiro joga um turbilhão de referêncas à filosofia oriental, budismo, cristianismo, teorias metafísicas e de tempo cíclico e, por que não, cultura pop, misturando nesse caldeirão que para muitos pode ficar difícil de engolir.

Pode ser um tanto arriscado tratar de temas delicados utilizando referências que aparentemente não têm ligação alguma, mas aparentemente, tudo ficou muito bem estruturado, exceto talvez alguns eventuais tropeços que não chegam a comprometer. O fato é que ficam algumas pontas soltas que obrigam o publico a usar a cabeça... algo incomum em uma produção divulgada como um romance de proporções épicas, opção que se mostra como não a única, mas a maior falha da obra. Fosse um filme independente, com uma campanha de marketing mais discreta (ou nula!) com atores desconhecidos e com um orçamento ainda menor, certamente levaria o apoio da crítica, Sundance, Cannes e até mesmo Veneza, onde foi vaiado na estréia com a presença do Daren em pessoa.

Finalizando, o filme é um barato... prato cheio pra filósofos de boteco como eu. Já fazem alguns dias que vi o filme e até agora bolei dezenas de teorias. Isso pra mim é suficiente para tornar um filme marcfante... despertar a minha curiosidade e vontade de discutir com outras pessoas que o tenham visto... então por favor, vejam... e depois venham falar comigo!

(quem quiser conferir uma crítica decente do filme, clica aqui)

3 comentários:

Anônimo disse...

Antes de mais nada: Amei o filme, por mais que possa parecer piegas, foi o filme que eu estava precisando assistir naquele momento.
Essa coisa de trabalhar mais do que viver, produzir mais do que consumir, pagar mais do que ganhar, tudo isso anda me deixando louca... O filme me ajudou a olhar de uma forma mais ampla pra minha própria vida, dar mais valor pros pequenos e raros momentos de curtição, tomar coragem para contornar a situação em que vivo, situação essa que eu mesmo me meti...
Me fez também pensar no amor, será que existe tamanho amor? O Hugh e a Rachel fazem com que eu volte a acreditar em amor eterno, a forma como a emoção deles transborda da tela é simplesmente incrível, sai do cinema caminhando pelas ruas de Curitiba pensando em um turbilhão de coisas...
Coisas como só o presente realmente aconteceu, e a "bolha do futuro" seria a parte pscicológica do personagem principal, onde se refugia para se recompor da morte da pessoa amada... Tantas coisas passam ainda na minha cabeça e já fazem duas semanas em que assiti o filme e tudo ainda turbilha na minha cabeça... E olha que assiti outros filmes também (Volver (Almodovar sempre vale a pena conferir), Filhos da Esperança( Clive de herói do século 21, bom filme com um bom ritmo) , O ilusionista ( magia sempre vai bem, e o Edward Norton tá perfeito no papel), Happy Feet(dublado não dá para encarar e também é muito longo para animação)) mas nenhum deles falou com a minha alma como o filme do Aronofsky... Putz eu acho que me empolguei melhor parar por aqui até a próxima...

pablodelarocha disse...

anônimo, seja lá quem fores, concordo contigo... fui ver Volver e também assisti O Labirinto do Fauno. Ambos muito bacanas, principalmente o mexicano, mas nenhum conseguiu superar The fountain na minha cabeça.

Anônimo disse...

outra crítica bacana do filme...

http://a-arca.uol.com.br/v2/artigosdt.asp?sec=2&ssec=9&cdn=10885